O BURACO NEGRO DA VIDA

Eu precisava escrever um texto que lembrasse uma cor. E diante de tudo que estamos vivendo nesses dias... deixo meus sentimentos a todos.

O amanhecer está escuro, o céu está carregado por nuvens negras. Parece que quer chorar, parece que ele sofre mais do que nós. Sofre pelos mortos e feridos, sofre pelo que estamos nos tornando. O céu chora.
Ele sai sem se despedir.
Ela corre a fim de não se atrasar para o trabalho.
Ele reclama do engarrafamento.
Ela do metrô lotado.
A noite não estava estrelada, mas mesmo que estivesse eles não reparariam. O mesmo céu os separavam. É noite aqui, mas o Sol não deixou de brilhar em algum lugar.
Ele passava o dia em frente ao computador.
Ela no Smartphone.
Ele não viu o pôr do sol.
Ela, a flor morrendo no jardim.
Dez anos... O mundo está ao contrário.
Ele passa pelo morador de rua sem vê-lo.
Ela sempre senta no mesmo lugar.
Ele assiste as mortes na TV sem dor.
Ela xinga o personagem que errou.
Vinte anos... Eles tomam muita Coca-Cola e café, mas nada de acordar.
Ele olha compulsivamente o relógio.
Ela coloca maquiagem no rosto.
Ele não presta atenção na letra da música.
Ela não entende o sentido das palavras que preenchem o livro.
Cinzas.

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Alan

PROIBIDO PARA MENORES E RELIGIOSOS.
Esse texto foi produzido a partir de um exercício em que eu precisava criar um personagem e ele deveria acordar um dia com algo diferente no corpo.
Contém cenas inadequadas para menores e religiosos.

Alan
Alan era um seminarista alto, magro, loiro e de olhos claros. Era desejado por muitas mulheres. Mas ele era um homem sério, zelava pela santidade, era muito educado, inteligente e organizado.
Seria sua principal característica o autocontrole. Ele adorava ter o controle das situações e nunca perdia o controle de si. Nunca era rude, nunca explodia, nunca fazia nada errado e nunca desobedecia as ordens dos seus superiores. Alan nasceu para ser padre.
Um dia, ele acordou e levou um susto: seu pênis tinha trocado de lugar com seu nariz.
"Como assim? Como isso aconteceu? O que isso significava? Como poderei manter minha santidade com esse pau na minha cara? O que as pessoas pensarão de mim?" Pensou em o que teria feito para receber tal castigo divino.
Ele se confessou, se puniu, se culpou e não se perdoou. Teria que dar um jeito naquilo e a única saída parecia se castrar.
Alan, que sempre foi muito puro, tocou pela primeira vez seu novo nariz, descobriu que a sensação era muito boa, nada se comparava aquilo. Por outro lado, quando viu seu ex nariz, tão pequeno, no lugar do seu órgão sexual, se chocou. Era como se tivesse deixado de ser homem. Mas desde quando ele se importava em ser homem?
O que mais o preocupava era como esconder aquilo. Chamou uma maquiadora achando que daria jeito, mas mesmo uma maquiagem 3D não foi eficaz. No entanto, a maquiadora era linda e Alan percebeu que, como Pinóquio, seu nariz cresceu.
Resolveu chamar uma figurinista, talvez ela tivesse uma boa ideia, mas ela disse que a melhor coisa seria vestir uma fantasia de elefante.
“— Está doida! Como vou andar por aí fantasiado assim? Não é carnaval!”
“—Ué... a tromba você já tem!”
Alan soltou um espirro, espermas saíram do nariz. Se ele soltava esperma por cima, como deveria ser respirar por baixo?
Não havia saída. Ou ele se aceitava do jeito que era, ou ele se castrava.
Ser homem... Ser assexuado...
A última vez que vi Alan foi há cerca de 50 anos quando ainda estudávamos juntos no seminário. Ele me mostrou o acontecido, estava diferente e com uma voz fanha. Ele me contou que tinha feito de tudo pra esconder e não havia conseguido. Decidiu contar para seus superiores e pedir que fizessem uma operação nele.
Lembro que haviam reunido um grande conselho com os homens mais importantes da igreja. Depois disso, não o vimos mais.
Alguns dizem que a santa inquisição voltou e o queimaram por ser um bruxo. Há quem diga que ele foi pra Índia e virou um guru muito adorado. Também ouvi falar que ele virou um ator de filme pornô, deve ter feito muito sucesso em Hollywood. Ou quem sabe virou um sheik árabe cheio de mulheres em seu harém?
Alan era um bom moço, talvez tenha viajado o mundo e aproveitado a vida. Afinal, quem tem a oportunidade de ser diferente? Ele provavelmente andou cheirando as donzelas que encontrou no caminho, deixou-as beijarem a ponta de seu nariz e as fez muito feliz.

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Permanecendo na alegria.

Acordei achando que era 5h da manhã e levantei ansiosa pra ver o amanhecer. Olhei o relógio e era 00.55h. Parecia que eu tinha dormido mais. Muitos pensamentos na minha cabeça, preciso escrever. Peguei a caneta, um papel de rascunho e comecei a rabiscar. Eu tenho a lua como paisagem de fundo enquanto não chegou a vez do sol brilhar.
Me olho no espelho, quem eu vejo? Eu.
Quem sou eu? Sou eu.
Usando um pleonasmo, entrei pra dentro de mim e levará tempo para sair.
Estou muito feliz e percebo que a maioria não gosta de pessoas convencidas, só as convencidas gostam de outras assim. Poucos suportam a alegria do outro. Como na época do Coliseu, adoramos ver tragédias em jornais: “Que bom que não foi comigo”.
Por que estou feliz? Não há uma só razão. O maior motivo seria uma mudança de pensamentos onde não valorizo a tristeza e não permito que ela permaneça em mim. Eu critico, duvido dela, questiono e expulso ela da minha vida.
Quando se está triste, se pensa muito na tristeza e se torna cada vez mais triste. Se era possível fazer isso com a tristeza, logo, achei que deveria ser possível fazer isso com a alegria. E comprovei que sim. Quanto mais se pensa na alegria, mas se fica alegre. O que te deixa alegre? Talvez você pense que não tenha motivos pra isso, mas você pode começar como eu comecei: achei alegria nas pequenas coisas. Estou viva! Fico feliz por isso! Deus me ama! Isso basta! No amor Dele encontro total alegria! Tenho saúde, tenho uma mãe que me ama e uma irmã maravilhosa. Tenho amigos! E quando dei por mim, já tinha tantas coisas que me alegrava! E quanto mais me alegrava, mas motivos surgiam para eu me alegrar. Permanecer na alegria é um exercício contínuo que exige muita dedicação, mas que é muito recompensador. Deus é bom!
Na manhã anterior, acordei com coração exultando de alegria e comecei a adorar a Deus. Fiz uma oração simples e sincera agradecendo a Ele por tudo que tem me dado e por me fazer feliz. Mas ainda tenho um sonho que não sabia o que fazer para realizá-lo. Pedi que Ele me mostrasse o caminho que devo seguir para alcançá-lo, e que esperaria o tempo que fosse preciso. Poucas horas depois Ele me deu uma direção. Eu diria que foi um milagre, mas para alguns foi apenas uma informação que chegou até mim. Isso é mais um motivo para eu me alegrar!
Sabe quando você percebe que está no lugar certo, fazendo a coisa certa e cumprindo seu propósito? Essa é uma certeza que tenho. E saber que Ele está me direcionando, me guiando, cuidando de mim, me faz muito feliz!
Quem sou eu? Repito. Sou filha do Eu Sou. Isso basta!

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O mundo é dos mais espertos?

Se o mundo é dos mais espertos, não faço questão de ser desse mundo. Pois, se por esperto significa desmerecer, desacreditar, passar por cima do outro, colocar uma pessoa pra baixo e coisas do tipo...
Prefiro ser só eu mesma. Nada de esperta. 
Cada coisa que vejo e ouço, que me pergunto: será que sou eu que estou errada? Será que andar na contramão não é perigoso? Será que deveria agir assim também?
Não sei se são valores e princípios que tenho em mim, talvez pela religião em que cresci, ou pela educação que recebi, ou se é minha índole mesmo.
Sei que enquanto as pessoas se escandalizam só pelas grandes violências (que muitos já consideram normal), eu me escandalizo por aquelas que cometemos (me incluo também) no nosso dia a dia e que pra muita gente passa despercebido.
Não sei o motivo que me levou a escrever isso (ou talvez saiba e não quero enxergar).
Mas por enquanto, até que eu mude de ideia (o que pode vir a acontecer), prefiro continuar acreditando no outro, torcendo por ele, ajudando no que for possível e encorajando em seus sonhos. Não somos nada sozinhos.
Quem sou eu pra achar que sou melhor do que alguém?
Quem é o outro pra achar que é melhor do que eu?
Conhecemos as pessoas pelo que ela faz quando esta perto de nós e segundo o nosso olhar (que muitas vezes esta cheio de pré-conceitos), mas isso não significa que conhecemos o todo do outro. O seu ser completo. Como podemos julgá-lo então?
Sei lá... Hoje estou meio assim, sei lá como... Rsrsrs

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Alguns encontros especiais.

Conheci um carinha incrível hoje.
Muito divertido, simpático, inteligente e carinhoso. Batemos maior papo, foi muito legal.
Ele me falou de como gosta de estudar, me falou dos amigos dele e do que gostava de fazer. Disse que quer uma namorada pra levá-la para passear muito.
Ele tinha 5 anos e disse que quer ser Polícia Federal, pois seu pai é PM e não ganha muito. 
Fiquei muito encantada com ele. Talvez não o veja mais, mas ele deixou uma marca em mim.
Ele tinha brilho nos olhos, um sorriso lindo e uma vontade de viver entusiasmante!
Feliz por ter conhecido um garoto tão especial. Emoticon wink

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Seja você!

A quantidade de blogs, textos e vídeos que vejo as mulheres compartilhando de como conquistar um homem está muito grande, mulheres!
Se um cara não gosta de você, pelo que você é, e você precisa fingir ser outra pessoa para conquistar ele: NÃO VALE A PENA!
Seja você mesma! Se ele não gosta de você assim, não vale a pena conquistá-lo.
Qual a graça de passar a vida fazendo um teatro?
Qual a graça de não poder ser você?
Pra isso você não precisa desses textos, precisa apenas se conhecer e ver quão maravilhosa é!
Todas nós temos defeitos, temos TPM, choramos, ficamos tristes, inseguras... Mas se não fossemos assim, não seríamos mulheres! Mas todas nós temos qualidades incríveis!
Então dane-se se ele não enxerga sua beleza!
Pra que perder tempo aprendendo como conquistar um homem? Gaste seu tempo conhecendo você e sendo feliz!
Quando alguém gostar de você do jeito que é, não vai precisar fazer esforço para conquistá-lo!
Se precisa disso é melhor deixar ele ir, pois ele nunca irá satisfazê-la!

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Guia do Palácio Guanabara

Para quem não sabe, o Palácio Guanabara está com as portas abertas!
O Palácio é a sede do Governo do Rio e a antiga casa da Princesa Isabel.
Eu sou uma das guias que contam um pouco da história do Palácio e terei um enorme prazer em recebê-los lá!

A procura é muito grande e as vagas são poucas. É gratuito.
A visita guiada pode ser agendada através do e-mail visitaguiada@casacivil.rj.gov.br.

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Todos os dias...

Um exercício leve de um texto narrativo em primeira pessoa.
Todos os dias era a mesma rotina. Acordar antes do sol, contar meus segredos para as estrelas.
O barulho do chuveiro sufocava o da chaleira que apitava.
Biscoito integral, geleia orgânica, café com leite, ou leite com café? E uma fruta pra mais tarde. Respirar fundo e se preparar. Falta pouco.
Fazer força, empurrar e entrar. Segurar no ferro com uma mão e a bolsa com a outra. Todos fingem dormir. Cansa um braço, troca, cansa o outro. Apertam do lado direito, do esquerdo, cada vez menos espaço.
Um olho se abre pela metade e quando me vê volta logo a dormir. Será que sou tão feia? Será que meu perfume provoca sono?
Já não sinto uma das pernas, e nada de chegar. Penso em fingir um desmaio... Vou me atrasar. Sou empurrada pra fora, agora não foi preciso esforço.
Esse quadrado subindo me deixa sem ar. Respiro fundo... Abre, fecha, abre, fecha... Dois minutos entediantes.
Uma mesa enfeitada com bolas, bonecos, fraudas, chupetas, mamadeiras, muitos doces e um nome escrito no bolo: Sophia. Percebo que tudo isso valeu a pena.

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A História de um cenário

Esse exercício foi diferente. Um colega da oficina de texto escreveu a descrição de um cenário (não entendi bem a letra) e eu precisava criar um personagem e uma historia se passando dentro desse cenário.
Cenário
"Copo d’agua, com alguns pingos como pequenas poças que eram, no máximo, umas três. Papéis largos e claros parecendo cartolinas acompanhada de lapiseiras negras com bordas douradas anunciando uma marca francesa, dada de presente. Instrumentos feitos para a mesa e alguns deixados no chão, triangular, retangular e circulares são as formas que definem.
O chão, por onde os instrumentos estão, é feito da madeira de onde o copo, os papéis, as lapiseiras é feita de uma madeira lustrada recentemente (...) mas que havia deixada cortes pequenos e nada grande, por alguma (...) esquecida. Os papéis que estavam neste chão foram deixados lá, para serem recolhidos por quem quer que seja e foram assim como a lapiseira da marca francesa de borda dourada, (...) por este como presente de uma viagem de alguns dias e nele estava a borracha e o copo d’agua, os instrumentos e o resto de ajustes (...) por onde entrava a luz de uma cidade invisível." Luiz
Historia do cenário
Está bem escuro. Ele irá encontrar seus filhos ao amanhecer. Sentado na sua poltrona de couro, permanece ouvindo o som do silêncio e escrevendo em papéis que se parecem com cartolinas. Usa sua lapiseira negra com borda dourada que ganhou de presente, quantas lembranças da viagem que fizeram à França. Sente falta da presença das crianças e não sabe demonstrar pra eles o quanto os ama, o quanto são importantes para ele.
Quando estavam juntos, brincavam o tempo todo, desde jogar videogame até jogo de tabuleiro. Ah... você não deve saber o que é jogo de tabuleiro, né? Deve ser muito novo pra isso... Mas eles adoravam! Eram momentos maravilhosos que passavam juntos.
Seus filhos são crianças excelentes, com certeza serão ótimos adultos. Sortudas serão as mulheres que se casarem com eles. Eles serão maridos melhores que seu pai foi. Ele errou, o orgulho o fez perder a pessoa que mais amou. Por mais que ele pensasse em recomeçar, agora era tarde. Já existia outro ao lado dela na cama.
Assim que ele levanta, fica tonto e começa a derrubar coisas que estão em cima da mesa. Sente uma dor forte no peito. De uma de suas mãos cai o copo com o resto de água que bebia. Da outra, a lapiseira francesa junto com os papéis que se espalham pelo chão.
O chão, de madeira, lustrado recentemente, recebe o peso do seu corpo. As últimas coisas que ele vê são o copo e algumas coisas que não consegue identificar. Apenas vê formas triangulares, retangulares e circulares e folhas com o texto que acabou de escrever. Olha para elas como quem se despede de alguém com muito amor.
Apagou a luz da “cidade” invisível.

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Movimento

Fecho, abro a mão. Fecho, abro a mão. Fecho, seguro firme, amarram uma espécie de elástico no meu braço, ele aperta e dói. Agora posso abrir a mão outra vez.
A voz diz que não vai doer. Não é tão rápido quanto falam. Sinto a agulha entrando na minha pele. Dizem que ela tem várias camadas. Parece que sinto a agulha tocando cada uma delas e perfura a veia. Dói sim.
Flui o sangue, é lindo. Forte, vermelho escuro, intenso. Aquele jato fino vai enchendo com força o frasco. A vida corre. Outro frasco? Humm... Não gostei. Mais um, no frasco estava escrito PCR, não sei pra que serve isso, mas deve ser importante. Será preciso quantos? Já estamos no quarto e não para. Esse eu conheço, um tal de T4, minha mãe sempre precisa fazer esse, ela tem hipotireoidismo. A enfermeira coloca mais um, ela conversa sobre o dia dela com a amiga sem nem se importar de eu estar ali com meu sangue jorrando. O sangue já não está tão forte nesse frasco, parece que já está cansado do serviço, será que está acabando? Ela deve ter tirado todo o sangue que eu tinha. — É o último, ela avisa. Fico feliz, nunca imaginei que conseguiriam tirar oito tubos de sangue de mim e ainda permanecer vivo. Parece um menu de sangue para ser servido no jantar.
Ela tira a agulha, remove o elástico e meu braço relaxa. Coloca um algodão para segurar o resto de sangue que ainda queira sair. É um aviso para ele de que fez um bom trabalho.
— Pronto, não doeu nada, diz ela.
Ah... Se ela soubesse.

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