Acordei ao seu lado,
olhei o seu rosto. Era tão lindo. Seus lábios tão marcantes. Tive vontade de beijá-lo,
mas seu sono era tão profundo que não quis despertá-lo. O amei ali, em
silêncio, só.
O dia era lindo, da
varanda do AP eu via a beleza do horizonte. Que brilho! Um tom azul celeste que
ao centro parece que foi feito um efeito reflexo de flash sobre um azul
cristalino em constante movimento, trazendo consigo um som que, a meu ver, parecia
bastante melancólico.
Ouvi mais um som, era
da água do chuveiro caindo, como quem chora. Ele viria logo e as gotas demoram
a passar pela cafeteira. Outro som, dessa vez era o barulho da porta batendo,
nunca de palavras.
Desliguei a cafeteira,
“joguei” uma roupa no corpo e corri. Corri em direção àquele horizonte que eu
via da varanda. A sandália ficou perdida em algum lugar... Na minha cabeça
milhões de perguntas que eu não conseguia encontrar respostas.
Sentei sobre aqueles
incontáveis grãos que antes eram uma rocha inteira, mas que durante anos sofreu
desgaste tonando-se pequenos pedaços partidos que viriam a morrer lá no fundo,
sem que ninguém os visse, não aguentando o enorme peso que o tempo traria sobre
eles, e que era parte deles.
Ouvi, também, o som de
várias línguas em conversas distantes. Pessoas de todas as raças, cores,
lugares... Aqui é a “Princesinha do Mar”, cartão postal e o centro das
atenções. Lugar onde todos desejavam estar, menos eu, só por hoje.
Ainda era possível
ouvir no ar um som de Bossa Nova, era quase que um perfume espalhado por todo
lugar. Lugar de amantes que hoje abrigava um coração partido.
Foi aqui que o vi pela
primeira vez, foi aqui que o amei, foi aqui que fui feliz.
Fui: verbo ser no
passado. Quem diria que um dia o conjugaria assim, trazendo depois dele o
adjetivo mais cobiçado do mundo.
P.S: Não é baseado em fatos reais.
Jaqueline
Aguiar.